Nota da redação:Em Natal, ao menos um cachorro e gato é atropelado por dia e muitos desses atropelamentos são propositais.Muitos animais permanecem vivos na via ou são arrastados até o canteiro, mas não são socorridos. De acordo com as estatísticas, 90% dos animais atropelados morrem por inanição, ou seja, falta de água e comida, e não por traumas causados pelo atropelamento.É preciso conscientizar a população que os animais são seres sencientes, ou seja, capazes de sofrer, sentir prazer, felicidade e até saudade. Dessa forma, padecem com ferimentos causados quando atropelados e, muitas vezes, demoram dias pra morrer.Esse sofrimento pode ser amenizado com a constatação de que realmente o animal está morto e, se não estiver, com o socorro imediato.
Atropelou, socorra! Animal na pista ou à margem, pare ou diminua a velocidade!
Não seja indiferente a uma vida!
Centro de Controle de Zoonoses de Natal alerta para aumento de casos de raiva em morcegos
Data: 17 agosto 2012 - Hora: 14:51 - Por: Fernanda Souza
Mesmo fora do período de campanha, o CCZ disponibiliza vacina para os animais. Cães constatados como saudáveis pelo Centro são colocados para adoção. Foto: Mauricio Cuca
A raiva canina é uma das principais e mais conhecidas zoonoses, que são doenças e infecções que se transmitem entre os animais vertebrados e o homem.
Esta zoonose de etiologia viral é transmitida ao homem por meio de mordedura, lambedura ou arranhadura de mamíferos infectados e tem uma alta letalidade, aproximadamente de 100%. Os principais reservatórios são os cães, gatos, saguis e morcegos.
O vírus Rhabdovirus atinge de maneira letal o sistema nervoso do animal contaminado ocasionando perturbações nervosas de origem cerebral e medular, com excitação, depressão, paralisia e finalmente a morte.
No caso do homem, a infecção do sistema nervoso central causa encefalopatia e morte. Os primeiros sintomas da raiva em humanos não são específicos e consistem em febre, dor de cabeça e mal-estar geral. À medida que a doença progride, os sintomas neurológicos aparecem e podem incluir insônia, ansiedade, confusão, paralisia, excitação, alucinação, agitação, hiper-salivação, dificuldade de engolir e hidrofobia (medo da água). Por atacar o sistema nervoso, as mordidas no rosto e braços são muito mais perigosas do que as nas pernas.
Em caso de agressão por cães, gatos ou outros animais são recomendados lavar o ferimento com água e sabão, procurar imediatamente assistência médica no Hospital Giselda Trigueiro, referência para este agravo, para que a doença possa ser evitada através da aplicação da vacina ou soro antirrábico humano.
Em Natal, o primeiro caso de raiva humana foi detectado em 1983, quando uma pessoa veio a óbito após ser mordida por um cão. Foi a partir deste fato e como forma de controlar a raiva na capital potiguar, quem em 2 de agosto de 1984 foi criado o Centro de Controle de Zoonoses de Natal (CCZ), localizado na Avenida das Fronteiras, na zona Norte da capital potiguar, e desde esta data não há nenhum registro de casos de raiva humana na cidade.
Inicialmente criado para controlar e prevenir a raiva humana, o centro ampliou sua atuação e, além do controle da raiva, desenvolve ações de controle da leishmaniose (calazar), das doenças transmitidas por roedores, da esquistossomose, do caramujo africano, de animais peçonhentos e de vetores, da dengue e ações educativas através do programa de educação e comunicação em saúde.
De acordo com Jeane Oliveira, gerente técnica do Centro de Controle de Zoonoses, a raiva, a mais conhecida das zoonoses, vem mudando o seu perfil. Apesar de o Brasil ter reduzido consideravelmente o número de casos humanos transmitidos por cães e gatos devido às atividades de vigilância, controle e profilaxia humana adotadas. “O cão tinha participação grande na transmissão da doença, mas a vacina é muito eficaz. Hoje nossa preocupação se volta para o morcego. No Brasil o morcego já representa quase metade dos casos de raiva em humanos e aqui no Rio Grande do Norte cresce assustadoramente os morcegos que apresentam o vírus. Esses morcegos que apresentaram a doença não são hematófogos, todos os casos são de frugívoros, os que se alimentam de frutas”.
Jeane Oliveira explicou que em Natal, desde 2008 até agora já foram registrados seis casos de morcegos com sorologia positiva para a doença em localidades diferenciadas. No bairro de Capim Macio, na zona Sul, foi registrado um caso. Como o morcego é um anima silvestre, protegido por lei, não pode ser eliminado sem autorização, o CCZ tem uma equipe que orienta a população a realizar o manejo ambiental, como forma de evitar que o ambiente fique propício à instalação dos morcegos.
PREVENÇÃO
A campanha de vacinação contra raiva canina e felina é a principal atividade para prevenção de casos humanos e o controle da doença no seu ciclo urbano permitiu a redução de casos humanos transmitidos por cães e gatos. A vacina antirrábica tem uma alta eficácia e na grande maioria dos casos, causa reações diminuídas para cães e gatos, como uma apatia momentânea.
Em Natal, o CCZ realiza uma campanha de vacinação anual, que tem como principal objetivo cobrir 80%, no mínimo, dos cães em Natal. O Centro promove a chamada imunização em grupo que, por mais que não atinja de uma única vez todos os cães, permite que os cães que possam a ter o vírus não passem para os demais, porque estes já foram imunizados. “Todo mundo que tem um cão ou gato tem a obrigação de vaciná-lo. A partir de 60 dias de nascido já se pode vacinar. Mesmo fora do período da campanha anual, o CCZ realiza a vacinação na portaria. O principal meio de prevenção é a vacina”, reforçou.
O veterinário do Programa de Controle de Raiva do Centro de Controle de Zoonoses de Natal, Ciro Fagundes, alertou para a seriedade da raiva humana, quem tem quase 100% de letalidade. “A raiva é a pior das zoonoses e mata 80 mil pessoas no mundo todo, principalmente em países como África e Ásia, já que é uma doença mais característica de países subdesenvolvidos. Só temos três casos de pessoas vivas no mundo, mas todos com sequelas neurológicas”.
Ciro também destacou o considerável aumento de casos de raiva em morcegos e fez um apelo. “A população ainda tem uma conscientização mínima sobre os riscos de transmissão. Muitos pais acabam deixando os filhos brincar com saguis ou mexer em morcegos parados. A nossa orientação é não mexer, não queimar, nem extraviar e ligar para nossa equipe. Morcego de dia e saguis parados são sinais de que a saúde deles pode estar comprometida”.
Ao chegar no CCZ, os cães passam por uma triagem e seguem para a coleta de sangue, quando através de exame é verificado se o animal tem ou não a leishmaniose. Após um período de, no mínimo, 10 dias é feito um novo teste para confirmar se realmente existe a doença. Caso o resultado seja negativo, o cão segue para o programa de adoção, mas se for positivo o destino é a eutanásia, quando o cão é anestesiado e depois recebe uma injeção com os medicamentos necessários para a prática. Desde 2001, após determinação federal, o Centro de Controle de Zoonoses não usa mais a câmara de gás para o sacrifício dos cães.
Segundo o veterinário Ciro Fagundes, só podem ser eutanasiados os animais que são positivos para leishmaniose, animais de rua atropelados, animais em estado terminal e animais de extrema agressão, tanto para o humano quanto para outros animais. Em 2011 4.367 cães e 213 gatos foram eutanasiados.
O CCZ possui apenas uma carrocinha, carro para recolher animais, que só funciona de acordo com a demanda de serviço. Para a captura do animal é necessário que eles ofereçam risco aos logradores públicos. O Centro também possui um programa de adoção, que só em 2011 conseguiu que 396 animais fossem adotados. O telefone para outras informações, dúvidas e solicitações é o 3232-8237.
ESTADO
O Programa de Controle da Raiva da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) recebeu a confirmação, pelo Laboratório Central (Lacen), de mais um caso de raiva em animal no Rio Grande do Norte. A ocorrência foi registrada no município de Acari. O animal, um cão de sete meses, não era vacinado e no dia 15 de julho feriu seu proprietário. Já no dia 18, o cão morreu e o material foi enviado ao Lacen/RN, que confirmou o caso no dia posterior. Técnicos da IV Unidade Regional de Saúde Pública (Ursap) foram até o município de Acari, no dia 20, para realizar investigação.
De acordo com Iraci Nestor, subcoordenadora de Vigilância Ambiental da Sesap, foi realizado no Município um bloqueio de foco, que consistiu na revacinação dos cães e gatos da área onde ocorreu o caso.
Além deste caso, o Rio Grande do Norte já registrou, até junho deste ano, 18 animais positivos para raiva, sendo 12 morcegos, cinco bovinos e uma raposa. “A principal ação para prevenção da raiva em cães e gatos é a vacinação anual contra a doença, a partir dos dois meses de idade. Os filhotes vacinados pela primeira vez devem ser revacinados após um mês da aplicação da primeira dose. A vacina é disponibilizada gratuitamente pela rede pública de saúde”, informou Iraci Nestor.